A indústria fonográfica sofreu forte impacto depois do aumento do número de pessoas conectadas à Internet. Com um computador ligado à rede mundial de computadores é possível baixar qualquer arquivo em minutos. O formato de arquivos compartilhados mais conhecidos pelos internautas é o MP3, ou seja, musical.
Segundo estimativas da Federação Internacional de Indústria Fonográfica (IFPI, sigla em inglês), 20 bilhões de músicas foram baixadas ilegalmente só no ano passado. No Brasil, o número de downloads ilícitos chega a 1 bilhão. Isso fez a renda das gravadoras no país, maior mercado da América Latina, caírem à metade desde 2000. A pesquisa da IFPI ainda mostra o perfil do usuário brasileiro responsável por esses downloads. Eles têm entre 15 e 24 anos e pertencem às classes A e B.
Em 2005, vendeu-se 55 milhões de CDs originais no Brasil, já os baixados ilegalmente superam essa contagem, estando em torno de 75 milhões. Além desse número, mais de 40 milhões de CDs piratas foram vendidos clandestinamente.
O artigo publicado no site Projeto Software Livre Brasil, intitulado A indústria fonográfica e o marketing do medo diz que “o modelo de negócios da indústria fonográfica é antigo. Não é competitivo com a Internet. Não se atualizou diante da inovação tecnológica.” (FALCÃO, 2006) Ainda é exposto no artigo que os preços pedidos nos sites de vendas de arquivos musicais é acima da renda do brasileiro, “ainda mais se considerando que apenas 12% dos brasileiros atualmente dispõem de conexão à Internet”. [1]
Para tentar reverter o quadro, as indústrias fonográficas e organizações protetoras dos direitos autorais estão tomando algumas medidas que vão desde a conscientização dos jovens até a punição judicial dos responsáveis pelos downloads.
A IFPI lançou uma guia para os pais - visando atingi-los, uma vez que uma certa parte dos internautas é menor de idade - sobre o compartilhamento de arquivos e downloads.[2]
O objetivo é tirar as dúvidas dos pais quanto à ilegalidade e possíveis riscos, dentre eles o de sofrer um processo judicial. No Brasil, a Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD) lançou uma campanha contra a pirataria. Uma das medidas adotadas pela associação é o envio de mensagens instantâneas aos usuários de redes de compartilhamento.
As ações feitas pelas gravadoras já surtem efeito. O relatório da IFPI sobre Música Digital 2006 mostrou que há 2 milhões de músicas licenciadas na rede, já a venda das músicas através de celulares atingiu 400 milhões de dólares. O relatório ainda identificou os desafios com relação à proteção da propriedade intelectual. [3]
Outro sistema que está auxiliando na legalização das músicas na web é o Peer Impact. Através desse site, os usuários cadastrados compram músicas e podem repassá-las para outros usuários, não isentos da taxa de pagamento. Para cada música vendida, acumulam-se pontos, os quais poderão ser utilizados na aquisição de novas músicas.
No Brasil, a Associação Protetora dos Direitos Intelectuais Fonográficos (APDIF) vem combatendo à pirataria desde 2000. O trabalho da organização consiste no monitoramento dos sites ilegais, assim como a atuação preventiva para instituir políticas de proteção aos direitos autorais.
Em 2005, a APDIF registrou a notificação de 2.282 páginas de Internet que disponibilizavam de forma ilegal conteúdo protegido pelo Direito Autoral. Destas páginas 2.277 foram removidas da web, sendo que 47% dessas páginas eram de download de música, 50% de vendas de CDs falsificados e 3% de troca de CDs ilegais (clubes ou grupos de pessoas que montam sites e disponibilizam listagens de CDs e DVDs para trocar uns com os outros, gratuitamente). Vale citar também que foram removidos 1.307 usuários ilegais de sites de leilão virtual. São considerados ilegais, segundo a legislação nacional, não somente websites, mas todos os serviços não autorizados, que possibilitam, direta ou indiretamente, a busca, armazenando, distribuição, comercialização e execução de músicas por meio da internet.[4]
Mas a Internet também tem aspectos positivos. Alguns músicos iniciantes utilizam a rede para divulgarem seus trabalhos, sendo um grande exemplo o grupo inglês Arctic Monkeys que se tornou um fenômeno musical após disponibilizar mp3s e vídeos caseiros on-line. Após conquistarem uma legião de fãs virtuais e baterem recordes de downloads, eles assinaram com uma gravadora e venderem mais de 360 mil CDs somente na semana do lançamento (118.501 cópias só no primeiro dia), estando no topo da lista dos discos de artistas britânicos que mais venderam na semana de lançamento.
A ascensão meteórica dos Arctic Monkeys sugere que algo está a mudar na internet, não só na forma como os internautas ouvem música (através dos leitores de mp3), mas também na forma como as bandas conseguem sair do anonimato sem a ajuda de grandes campanhas publicitárias encomendadas pelas gravadoras.[5]
A estratégia desse conjunto inglês está se tornando cada vez mais comum entre a indústria da música e forçando as gravadoras a pensar de uma maneira diferente. O site Myspace[6] tem inúmeros músicos cadastrados que permitem o download das músicas deles, assim como aproxima os artistas dos admiradores. Isso já influencia o negócio musical, fazendo as gravadoras se voltarem à Internet – a grande vilã delas - como uma ferramenta de busca de possíveis produtos rentáveis para indústria fonográfica.
[1] PROJETO SOFTWARE LIVRE. Disponível em: <> .
[2] A guide for parents about P2P, file-sharing, and the internet. Disponível em: .
[3] DIGITAL MUSIC REPORT 2006. Disponível em:
[4] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PRODUTORES DE DISCOS. Música na Internet. Disponível em:
[5] Artic Monkeys: O primeiro fenómeno da era iPod. Ciberia, Lisboa, 02 mai. 2006. Disponível em:
[6] MYSPACE. Disponível em: < http://www.myspace.com>